O futuro da atividade de RIG e os jovens profissionais: formação, capacitação e carreira

Os profissionais que ocupam posições de liderança em RIG estão mais jovens. Ao menos é isso o que revelam os dados do Anuário ORIGEM 2020, segundo o qual a idade média dos dirigentes da área despencou em consultorias e associações setoriais no último ano. Ao mesmo tempo, desde que os primeiros MBAs em Relações Governamentais foram lançados em 2015, cresce o número de pós-graduações e demais cursos direcionados para a área. Tudo isso nos faz perguntar: o que essas tendências nos indicam sobre o futuro da atividade e o que o mercado demanda dos jovens profissionais?

O Anuário ORIGEM[1] nos mostra a passagem de uma média de idade elevada das lideranças de RIG em 2019 - de 50,2 e 58 anos em consultorias e associações, respectivamente - para uma média significativamente mais baixa em 2020 - 42,7 e 47,85 anos. Embora não tenhamos dados anteriores a 2019, é razoável supor que essa tendência nas empresas começou antes, uma vez que seus dirigentes já se encontravam com uma média de 44,8 anos, em 2019, chegando a 43 anos em 2020.

Ainda segundo o anuário, percebe-se que as lideranças de até 39 anos já são mais numerosas que aquelas acima de 50 entre empresas, consultorias e advogados. Apenas nas associações - a despeito de ser o segmento com mais líderes na faixa até 29 anos (6,12%) - os mais sêniores (50+ anos) permanecem como grupo mais expressivo (48,98%).

Se, por um lado, há um maior acesso de profissionais mais jovens às posições de liderança, por outro lado, isso não indica que há, necessariamente, flexibilidade quanto aos critérios de experiência. Afinal, os líderes com 20 anos ou mais de atuação em RIG ainda são mais numerosos que aqueles com menos de 5 anos de experiência, que por sua vez são minoria em todas as categorias.[2]

Todos os respondentes do anuário têm ao menos uma pós-graduação ou MBA. Já a proficiência em língua inglesa varia de 83,67% em associações a 91,98% nas empresas, onde mais da metade dos dirigentes fala espanhol  (58,53%). Essa alta qualificação nos indica que os profissionais de perfil mais jovem alçados para os cargos de liderança no último ano (mais de 35% chegaram a esta posição entre 2019 e 2020) compensaram a idade com elevada qualificação sem, entretanto, abrir mão da experiência.

Pode-se dizer que os profissionais de RIG nunca tiveram à disposição tantos cursos voltados para sua área como agora. Diante de novas pós-graduações e MBAs e cursos de curta duração em Relações Governamentais, passando pela crescente oferta de cursos por instituições como Abrig, Aberje e outras, os profissionais se veem diante de opções que só se tornaram disponíveis em anos recentes. Como resultado, por um lado, deve aumentar o número de profissionais qualificados na medida em que a maior oferta de cursos atrai novos talentos; por outro lado, também são colocadas barreiras para a diversidade enquanto essa oferta, sobretudo de pós-graduações, ainda estiver restrita a instituições de custo elevado.

As tendências observadas revelam um mercado que antes se ancorava na contratação de profissionais mais velhos, com ampla rede de contatos e aprendizado obtidos com experiência prática numa atividade em processo de estruturação, mas que agora vem se abrindo a profissionais mais jovens com qualificações teóricas e acadêmicas que vêm surgindo de forma crescente. Esses fatores, aliados ao trabalho de imagem realizado por entidades como ABRIG e IRelGov, contribuem tanto para a consolidação e estruturação das RIG enquanto opção de carreira quanto para uma mudança de cultura nos locais de trabalho. Consequentemente, abre-se cada vez mais espaço para lideranças jovens e qualificadas que contribuem para o crescimento da atividade de RIG no Brasil.



[1] O Anuário ORIGEM 2020 está disponível para download gratuitamente pelo site: https://anuarioorigem.com.br/ 

[2] Exceto pelos advogados com atuação em RIG, onde os líderes com menos experiência (menos de 5 anos) empatam com aqueles que têm 20 anos ou mais no currículo: 20,69% em ambas as faixas.


Por: Pável Pereira Batista e Nicholas Moreno.


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  


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