Os desafios da tecnologia da informação

Desde que assumiu a presidência da Celepar (Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná), em 2019, Leandro Moura tem como desafio tornar o Paraná mais inovador, moderno e menos burocrático. “E tudo isso permeia a tecnologia”. Para atender as unidades das secretarias estaduais paranaenses, além de diversos clientes, a empresa possui mais de mil funcionários, em 10 escritórios.


Através da parceria com a Abrig, quer transformar a forma como as pessoas enxergam o serviço público, tornando o Paraná em uma vitrine em inovação tecnológica para os demais estados. “Queremos trazer essa agilidade. Falamos muito do governo 5.0, que é um governo transformador”.

ABRIG: De olho no histórico de 57 anos da empresa e também para frente, no curto prazo, no setor de tecnologia, o que está mudando cada vez mais rápido?


LEANDRO MOURA: Nos primórdios, a evolução tecnológica era mais lenta pelo caráter inovador. É difícil acompanhar a tecnologia. Temos atuado para trazer tecnologia de ponta para fazer esse mindset de governo. A sensação é a de que é demorado, burocrático e a máquina pública é pesada.


ABRIG: O que mudou no governo, os desafios do Paraná e da Celepar na parte de tecnologia durante a pandemia? Uma pesquisa do BID mostra que 96% dos paranaenses têm internet no celular e eles dizem que tem espaço pra ampliar os serviços públicos digitais para combater a burocracia e as dificuldades na pandemia.


LEANDRO MOURA: A recomendação das autoridades mundiais, durante a pandemia, foi isolar as pessoas e, nós tivemos de adotar todo o protocolo de distanciamento físico, restrição de horário, fechar departamentos públicos. Tínhamos a missão de não parar e acelerar a digitalização do serviço público. Muitos já haviam sido digitalizados e não sofreram tanto impacto com o isolamento e fechamento. Temos a plataforma PIÁ (Paraná Inteligência Artificial), com mais de 600 serviços prestados. Foram muitos serviços que fizeram com que o estado não parasse.


ABRIG: Como a Celepar vê esse avanço agilizado no mercado de tecnologia?


LEANDRO MOURA: É um caminho sem volta, a empresa que hoje não está se modernizando, informatizando e digitalizando, está perdendo mercado e não podemos ficar para trás. Hoje, o cidadão tem que conseguir, fazer todas as suas solicitações e seus atendimentos públicos e levamos isso no DNA da Celepar. A nossa missão é transformar a vida das pessoas. Hoje, por trás dos serviços de grandes empresas, a inteligência artificial age para dar velocidade e comodidade para ser um atendimento 24 por 7, 365 dias no ano. Por isso, montamos um setor de inteligência artificial, com 21 frentes trabalhando com soluções para o governo. Acredito que a grande transformação do serviço público não é a sua digitalização, mas revisitar processos e fazer a transformação digital.


ABRIG: E quais seriam os principais gargalos a serem superados?


LEANDRO MOURA: O grande gargalo que temos hoje é a conectividade. Não adianta disponibilizar serviços, se não há suporte. O Paraná é muito conectado, mas temos dificuldades de conexão no interior e regiões remotas. É importante que a gente aumente a capilaridade da conexão. Mas, o mais importante é o colapso na área de tecnologia pós-pandemia, Brasil já vem vivendo uma crescente falta de profissionais qualificados. Há três anos, havia uma demanda de 100 mil vagas abertas no país. Neste ano, serão 200 mil na área de TI, a projeção é a abertura de 30 mil a 40 mil vagas sem profissionais qualificados.


ABRIG: Como o senhor prevê esse futuro tecnológico, num recorte Brasil-Paraná versus mundo, e o risco de ficarmos ainda mais para trás em relação aos demais países?


LEANDRO MOURA: O dia a dia do mercado privado leva que ele se atualize. Estamos na iminência do 5G e isso vai trazer muito mais poder de banda larga para que produtos inovadores sejam instalados e desenvolvidos. Precisamos do apoio de legislações, para facilitar que a capilaridade de fibra óptica e de 5G chegue em todo o Brasil. O Brasil é reconhecido no mundo pela qualidade de desenvolvimento de grandes programadores. É importante o governo estar alinhado e não ficar para trás.


ABRIG: Qual o motivo do interesse na parceria com a Abrig?


LEANDRO MOURA: O governador Ratinho Júnior destaca muito o papel do Paraná como locomotiva do Brasil. No primeiro trimestre, o Paraná foi o estado que mais gerou empregos, o porto bateu recordes de exportação, o nosso agronegócio alimenta o mundo, e a Celepar tem bandeira de primeira empresa pública do país.  Vejo com bons olhos parceria com a Abrig. Será uma grande oportunidade e vitrine para mostrar o que o Paraná está fazendo e auxiliar as outras unidades a desenvolverem-se.


ABRIG: E sobre os últimos projetos lançados, algum destaque?


LEANDRO MOURA: Há muito, temos o aplicativo 190 e, atendendo à lei Maria da Penha (Lei Salve Maria no Paraná), a ideia é levar agilidade às mulheres que já têm medidas protetivas. Ele traz um botão que aciona a emergência, o botão do pânico. A polícia já tem mapeado quem é e onde ela mora, além de rastrear o celular e abrir o áudio para captar o que está acontecendo.


Leandro Moura é presidente da Celepar (Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná).


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  


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