Participação feminina é fundamental para atividade de RIG e para toda a sociedade, afirma Francine Moor

Nos últimos anos, a Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais    – Abrig tem protagonizado a ampliação da representatividade feminina em sua diretoria e     na coordenação de Comitês Temáticos, além de promover diversos diálogos sobre                 participação de mulheres em espaços de poder. 


      Francine Moor, atual 1ª vice-presidente da Abrig, é responsável por boa parte dessas  iniciativas. Na gestão 2022-2023, conduziu o Comitê Mulher da Abrig e desenvolveu     projetos que reuniram profissionais de diferentes setores de atuação para conversar sobre   os avanços e os desafios enfrentados por mulheres no mercado de trabalho, especialmente   na área de relações institucionais e governamentais. Moor também é autora do livro   “Mulheres e Lobby no Parlamento Brasileiro”, lançado pela Câmara dos Deputados em 2023.


 Confira abaixo a entrevista exclusiva de Francine para o Portal Abrig Notícias sobre   representatividade feminina e a atividade de defesa de interesses.

Abrig: Nos últimos anos, a Abrig ampliou a participação feminina em sua diretoria, em seu quadro associativo e na atividade de RIG. A chapa eleita para a gestão 2024-2025 conta com praticamente o mesmo número de homens e mulheres em seus cargos diretivos. A que você atribui essa conquista?


Francine Moor: Esse resultado é fruto de uma trajetória e de um compromisso. Desde a criação do Comitê Mulher da entidade, em 2019, pela liderança da Carolina Venuto, a Abrig vem avançando no debate sobre a presença das mulheres na atividade de RIG e no espaço político como um todo. Em 2020, a Carolina assumiu a presidência da entidade e o posicionamento nas questões de gênero cresceu ainda mais em importância nas ações da Abrig. O processo evoluiu positivamente de tal maneira que era praticamente natural que a chapa fosse paritária. Sabemos que as mudanças estruturais da sociedade, que possibilitarão que as mulheres sejam incluídas de fato, só acontecerão quando as organizações, entidades, instituições assumirem a responsabilidade. A mudança social é coletiva. E a Abrig tem cumprido um papel importante nesse movimento.


Abrig: Na gestão anterior, enquanto você coordenou o Comitê Abrig Mulher, quais das diversas ações realizadas pelo grupo você destaca como as mais bem-sucedidas? E quais resultados elas trouxeram para a entidade?


Francine Moor: Primeiro que foi uma honra para mim e foi uma experiência muito rica coordenar o Comitê Mulher. O grupo reúne mulheres muito qualificadas e que ocupam posições importantes na atividade de defesa de interesse nas áreas mais variadas. Acredito que a ação mais relevante foi a realização da 1ª Conferência Internacional das Mulheres em RIG, em agosto de 2022. O evento contou com a participação de mais de 200 profissionais, foi transmitido pelos canais do Senado Federal, e serviu para marcar a importância de debatermos o tema. Depois da Conferência, conseguimos estabelecer uma comunicação mais próxima com a Secretaria das Mulheres da Câmara dos Deputados e com a Procuradoria Especial da Mulher do Senado Federal. Esse diálogo tem possibilitado levar a pauta para dentro do Congresso de forma a incluir as profissionais de defesa de interesse entre as mulheres que são afetadas pelas barreiras de gênero no espaço político, numa situação similar à enfrentada pelas parlamentares e assessoras. E isso é muito positivo para as mulheres profissionais, mas também é muito positivo para a atividade como um todo. Contribui para a melhor compreensão sobre a importância e o comprometimento com a boa execução dessa atividade tão relevante para a própria democracia. A Noemi Araújo, que assumiu a coordenação, tem todo o preparo para avançar na trajetória. E o Comitê estará unido nessa meta.


Abrig: O que você, Francine, espera para a próxima geração de mulheres que atuam na defesa de interesses, setor ainda predominantemente masculino?


Francine Moor:  

Eu espero que as mulheres tenham liberdade de determinarem suas próprias carreiras. Que elas possam fazer escolhas sobre as melhores estratégias para atuar, sem precisar renunciar àquelas que muitas vezes são definidoras para a construção do resultado, mas que não são “seguras” para as mulheres. Nós precisamos falar aberta e seriamente sobre o assédio moral e sexual e sobre o compromisso de todos no combate a essas práticas tão terríveis. Espero também que logo possamos comemorar a regulamentação da atividade, com a aprovação do PL 2914/2022. Essa etapa trará resultados muito positivos para todos os profissionais, mas ainda mais para as mulheres.


Gosto de pensar que nós mulheres caminhamos por passagens abertas por aquelas que vieram antes de nós, nessa trajetória da área que começou lá no Lobby do Batom, na Assembleia Nacional Constituinte. Minha expectativa é de estejamos transformando essas passagens em estradas, para que mais mulheres possam transitar e não só as muito fortes ou aquelas que contam com muito suporte. E, de novo, esse não é um movimento positivo só para as mulheres. É um movimento fundamental e positivo para atividade de RIG e para toda a sociedade. Por isso, sempre, precisamos dos homens ao nosso lado, assumindo esse compromisso junto conosco.


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  

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