Regulamentação da atividade de RIG e novas tecnologias

Participar das atividades políticas do país e propor mudanças legislativas e/ou regulatórias são algumas das funções de deputados e senadores, entre outros diversos cargos políticos que conhecemos.


O que muitas pessoas não sabem é que existem profissionais que “não são políticos”, mas que também desempenham um papel importante na política e no governo: os profissionais que atuam com Relações Institucionais e Governamentais (RIG).


Esses profissionais influenciam na política defendendo interesses de sua organização ou cliente. Estabelecem comunicação com legisladores e outros tomadores de decisão, negociando com diversos stakeholders em reuniões, apresentações ou eventos governamentais.


O que faz um RIG?

Um profissional de Relações Institucionais e Governamentais, também conhecido como RIG, atua como um analista de políticas públicas, desempenhando um papel fundamental na interação entre organizações, empresas ou grupos de interesse e o governo.


O profissional de RIG acompanha as atividades governamentais, como propostas legislativas e mudanças que possam afetar os interesses ou atividades de seus clientes. Analisa as políticas públicas em discussão e avalia o possível impacto das regulações, fornece orientações com base em sua análise, e auxilia na tomada de decisões estratégicas.


Além de manter-se informado sobre o que está acontecendo, é fundamental para o RIG estabelecer e manter relacionamentos com legisladores, funcionários do governo e outros influenciadores.


O setor de Relações Governamentais (RIG ou RELGOV) é um departamento estratégico nas empresas, responsável por acompanhar as legislações vigentes no setor, monitorar os desdobramentos de projetos em discussão, além de estabelecer e manter o diálogo com autoridades governamentais e reguladores. 


Regulamentação da Atividade

A atividade de RIG, já reconhecida pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), está em fase de regulamentação pelo Congresso Nacional.


Dos cerca de 15 projetos de lei apresentados para a regulamentação da atividade ao longo dos anos, o PL 1202/2007, do deputado Carlos Zarattini (PT/SP), é a proposição que teve maior engajamento e ainda está em tramitação, aguardando a apreciação do Senado desde dezembro de 2022: o objetivo é assegurar mais transparência e equidade na relação e no exercício de influência legítima entre estes profissionais e as autoridades dos poderes públicos.


Tecnologia como Aliada

O uso de ferramentas tecnológicas potencializa a produtividade e o desempenho do setor, já que acompanhar essa grande quantidade de dados manualmente é uma tarefa árdua e demorada. A evolução constante dos algoritmos de Inteligência Artificial (IA) permite encontrar informações de diferentes fontes de dados, centralizando-os para uma gestão mais eficiente, o que possibilita ao analista extrair insights mais práticos e precisos.


A Inteligência Artificial pode ser utilizada em Relações Governamentais através das plataformas de monitoramento legislativo, softwares de gestão de dados, dentre outras ferramentas que facilitam o acompanhamento, o armazenamento, a organização e a análise de grandes volumes de dados.


A IA consegue ser alimentada com as informações das propostas legislativas, votações, discursos, documentos de comissões, notícias, redes sociais, entre vários outros documentos legislativos. Mesmo quando o governo divulga a informação em apresentações ou PDF, os novos algoritmos são plenamente capazes de capturar as informações que ali se encontram e traduzir em um formato textual que permite mais facilmente buscar e correlacionar os dados.


A análise de cenários e a atuação de parlamentares, partidos políticos e organizações da sociedade civil são fundamentais para identificar tendências e oportunidades de influenciar a agenda pública.


Por que investir em tecnologia?

Com tecnologia adequada, as empresas podem monitorar e influenciar a agenda pública de forma mais eficiente. Dessa forma, o setor de RIG pode aumentar sua produtividade, reduzir custos e tomar decisões mais informadas e estratégicas.


A Pesquisa Global de Riscos da PwC avaliou os principais desafios de empresas brasileiras quanto ao gerenciamento de riscos: 89% das empresas brasileiras têm dificuldades de acompanhar a velocidade das mudanças.


Pesquisar manualmente tudo o que impacta as atividades de uma empresa requer muitas horas de trabalho, e ainda corre-se o risco de deixar alguma informação importante passar despercebida.


Conhecer os projetos em tramitação, acompanhar as publicações nos Diários Oficiais, notícias e os discursos dos parlamentares são os primeiros passos para mitigar riscos regulatórios.


É importante destacar que as redes sociais influenciam na política e na tomada de decisões, pois assim como as “pessoas comuns”, os parlamentares também expressam opiniões no meio digital, além de utilizá-las como “termômetro” para a formulação de políticas públicas, a depender do engajamento da população sobre determinados temas.


A Câmara dos Deputados, o Senado Federal e diversos órgãos do Governo Federal utilizam as redes sociais como ferramentas de comunicação que, além da divulgação de ações relevantes, permitem a aproximação entre governo e população.


Uma vez que a IA tem acesso a todas as informações, é possível treiná-la para tornar a informação mais prática para o analista ou gestor, permitindo que o mesmo faça questionamentos como: ‍Qual o posicionamento do parlamentar X em relação ao projeto Y? Quais projetos que estão tramitando impactam o setor de minas e energia?

A complexidade do ambiente político e regulatório, que apresenta uma média de 700 mudanças legislativas diariamente nos Três Poderes, reforça a necessidade das empresas em encontrar formas mais eficientes de monitorar e influenciar as decisões do governo.

O uso correto de ferramentas tecnológicas pode contribuir para a redução de riscos regulatórios e para a construção de uma estratégia eficiente frente às mudanças legislativas.


Layane Monteiro, analista política e criadora de conteúdo da Nomos.

*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  

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