Denise Mendes, sócia-proprietária do escritório Pinheiro e Mendes Advogados, recentemente associado à Abrig, falou com exclusividade à entidade sobre a atividade de Relações Institucionais e Governamentais no estado do Pará. A advogada também abordou as perspectivas econômicas na Região Norte após os períodos mais críticos da pandemia da Covid-19. Confira a entrevista completa.
ABRIG: Quais são as principais demandas encontradas pelos profissionais da atividade de RIG no estado? E ao olhar a Região Norte como um todo, como fica esse cenário?
DENISE MENDES: Existem dificuldades estruturais em relação ao estado do Pará, que englobam desde questões geográficas, até peculiaridades em termos de concretização de políticas públicas. Considerando a multiplicidade de áreas que podem ser afetadas pela atuação do poder público, identificamos que a atividade de RIG traria resultados extremamente satisfatórios, capazes de mitigar alguns entraves que dificultam o diálogo entre o público e o privado no âmbito regional. Acreditamos que o Pará tem potencial para despontar como pioneiro na consolidação das relações institucionais e governamentais no norte do país. O resultado esperado é o alcance da eficiência em ambas as pontas da relação.
ABRIG: Quais as perspectivas para as empresas da região norte com a retomada da economia pós-pandemia?
DENISE MENDES: Como dito, as peculiaridades experimentadas por quem quer empreender no norte do Brasil se traduzem em verdadeiros obstáculos e estão postas há bastante tempo. Para além dessas dificuldades, o cenário pandêmico intensificou os desafios a serem vencidos pelas empresas, na região. Se o diálogo entre empresários e autoridades políticas, no âmbito institucional, já se fazia necessário, agora ele é vital para impulsionar a retomada da economia. Em relação ao Norte, existe uma lacuna muito sensível em relação a descontinuidades de gestão e a ausência de propostas legislativas que atendam às necessidades do cenário local. As expectativas da concretização da atividade de RIG entre setores comerciais com o âmbito público são de que se estabeleça uma relação duradoura, capaz de efetivar uma participação ativa em debates decisórios, permeados pela ética e pela probidade trazem para o plano fático.
ABRIG: Qual a importância da profissionalização da relação do setor privado com o setor público no estado do Pará?
DENISE MENDES: É curioso como a definição de RIG afasta justamente o estigma que parte do que a atividade representa – no sentido de ser encarado tão somente enquanto lobby – ainda possui. A profissionalização da atividade, com a consequente regulamentação, traz justamente elementos de probidade que oportunizam uma visão transparente das relações que se procura estabelecer. Em termos regionais, considerando o cenário paraense, a profissionalização permite que se desconstrua o imaginário de que as políticas públicas são construídas a portas fechadas e que dependem de conchavos ou associações escusas. É um meio de democratizar os espaços e garantir uma participação ativa e proba. O anseio é justamente o de que a técnica e os processos decorrentes das relações institucionais e governamentais diminuam distâncias institucionais e históricas, promovendo influência positiva no âmbito empresarial.