Participação feminina nas eleições municipais – cenários e desafios

O incrível trabalho que as mulheres podem realizar na política


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 e acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, as mulheres representam apenas 16% das vereadoras das câmaras municipais e o Censo das Prefeitas Brasileiras, realizado pelo Instituto Alziras, traz a informação de que apenas 12% das prefeituras são comandadas pelo sexo feminino no Brasil. O que estamos fazendo, enquanto sociedade para mudar essa realidade e trazer mais igualdade de gênero, mais oportunidade e  mais transparência para o processo?


Atualmente, de acordo com o TSE, o partido brasileiro que mais tem mulheres na composição é o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) com 61%, seguido pelo PMB (Partido da Mulher Brasileira) com 53%.


E não para por aí. No mundo corporativo, de modo geral, as mulheres ainda são apenas 39,3% nos cargos de liderança e com remuneração de 20 a 30% menor que a dos homens, como exemplifica a 3° edição do estudo “Estatística de Gênero – Indicadores Sociais das mulheres no Brasil” realizado pelo IBGE, com dados do PNAD Contínua e da Pesquisa da Saúde, entre 2018 a 2022. 


É visível que esse é um mundo em que as mulheres ainda têm muito a conquistar. Ainda temos muito chão pela frente, precisamos pensar em mais visibilidade para que elas também possam estar na mesa de debate, mostrando os seus projetos, sua capacidade de gestão e de liderança. Sim, isso é e sempre será um grande desafio, mas precisamos, hoje, trazer mais facilidade do que dificuldade. Sou uma otimista com a gestão feminina no cenário político, pois creio que a mulher traz toda a sua força, determinação, coragem, intuição, iniciativa, autoconfiança, empatia, escuta ativa, sensibilidade, inteligência emocional e maior habilidade para encarar o complexo trazendo a visão do todo.


O que mais precisamos é incentivar que elas estejam, sim, nas cadeiras legislativas, que possam ser ouvidas sobre uma problemática e mostrem suas ideias, que sim, as mulheres levantem a bandeira do debate e do diálogo, do direito de poderem participar das tomadas de decisões. São inegáveis os desafios enfrentados por vereadoras nas câmaras municipais, onde ainda são minorias nos partidos, com pouca participação na votação legislativa.


O desafio também é enfrentado pelas prefeitas que buscam trazer uma gestão mais humanizada, se é que podemos dizer assim, com esse olhar mais voltado para o povo, para as questões sociais, principalmente, em estruturas machistas onde os homens muitas vezes não olham ou dirigem a palavra para uma participante do sexo feminino em uma mesa de reunião. O grande desafio é ter que provar a cada instante que trabalhamos de igual para igual, cada um com as suas particularidades dadas pela natureza, mas que temos, sim, a capacidade de fazer a gestão de uma casa legislativa, prefeitura e que sabemos cumprir os processos, criar diferentes produtos, trazendo novidades para todos e, mais do que nunca, olhar para pessoas, lutando para que todas possam ser respeitadas pelas profissionais que são e que se tornam todos os dias.


Defendemos que a saída para mais participação feminina nas eleições é que todas as candidatas tenham a oportunidade de mostrar os seus planos e propostas de gestão, para que possamos, dessa forma, decidir quem será o melhor representante do povo naquele município. Vamos falar de ideias, projetos e inovação para resolver problemas complexos, usar e abusar da tecnologia, num momento em que a inteligência artificial tem ganhado cada vez mais espaço. Vamos falar de sustentabilidade já que o mundo está em constante mudança e precisamos aprender e reaprender a viver nele e com ele todos os dias.


Que esse ecossistema político possa ser mais acessível, integrado, transparente, permitindo que todos tenham a chance de lutar pelas suas causas, pelo seu propósito com o objetivo único de batalharmos por um Brasil melhor.


Lorrayne Rosa é diretora de Relações com Legislativos Estaduais e Municipais da Abrig e gerente de Assuntos Institucionais, com mais de 10 anos de experiência em assuntos governamentais, corporativos e regulatórios.


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  

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