O membro do Conselho Superior da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig), Antônio Queiroz, defendeu o papel da entidade na defesa de boas práticas na área. Ele pregou também a promoção de um processo permanente de esclarecimento e formação política do cidadão para superar a visão distorcida sobre a atividade.
“A merecida valorização dos profissionais e o reconhecimento da própria atividade, tradicionalmente mal compreendida, certamente irá melhorar a qualidade dos processos de tomada de decisão e também do aperfeiçoamento das políticas públicas”, afirmou Queiroz.
Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, consultor e analista político, mestrando em Políticas Públicas e Governo na FGV. Diretor de Documentação licenciado do DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentares, foi diretor do Centro de Acompanhamento da Constituinte da UnB.
Idealizador da publicação “Os Cabeças do Congresso Nacional”, é autor de alguns livros sobre processos legislativo e decisório, entre os quais “Por dentro do processo decisório – como se fazem as leis” e “Por dentro do governo – como funciona a máquina pública. É sócio-diretor da Queiroz Assessoria em Relações Institucionais e Governamentais e da Diálogo Institucional Assessoria e Análise de Políticas Públicas.
ABRIG: O Senhor compõe o Conselho Superior da ABRIG, entidade que representa os profissionais que exercem a atividade de RIG. Qual a importância da entidade para o setor e quais os reflexos nas discussões de políticas públicas em geral?
ANTÔNIO QUEIROZ: O papel fundamental da ABRIG está na representação dos profissionais de RIG e na defesa de boas práticas na área de relações institucionais. A merecida valorização dos profissionais e o reconhecimento da própria atividade, tradicionalmente mal compreendida, certamente irá melhorar a qualidade dos processos de tomada de decisão e também do aperfeiçoamento das políticas públicas.
ABRIG: Qual o caminho para desmistificar ainda mais a atividade de RIG, esclarecendo a sua importância para os tomadores de decisão, sociedade em geral, imprensa e empresariado?
ANTÔNIO QUEIROZ: A superação da visão distorcida sobre a atividade depende de um processo permanente de esclarecimento e formação política do cidadão. Ainda há muito preconceito e sobretudo desinformação na sociedade sobre o papel desses profissionais. O senso comum costuma erroneamente associar lobby, perante os agentes públicos e suas decisões, com defesa de interesse escusos. Mas a ABRIG tem conseguido levar a informação correta sobre a atividade e seus profissionais, mostrando o quanto essa atividade pode contribuir para transparência do processo de tomada de decisão, com visão republicana, com integridade e em sintonia com o interesse público.
A presença da entidade na mídia, nas redes sociais e no dia a dia dos profissionais, além dos cursos de qualificação e os eventos com autoridades, para o debate de políticas públicas, têm sido um caminho eficiente. Necessário aludir à presença forte da nossa Presidente, Carolina Venuto, na construção deste posicionamento.
ABRIG: Qual a importância da regulamentação da atividade de RIG para a organização do setor e também para o amadurecimento da democracia no Brasil?
ANTÔNIO QUEIROZ: A regulamentação da atividade de RIG, além de contribuir para a isonomia no acesso aos decisores, pode trazer grandes contribuições para a democracia. Quanto mais transparente e equitativa for a relação entre o Estado, a Sociedade e o Mercado, melhor será também para os agentes públicos, os contribuintes, os eleitores, os empresários, os trabalhadores e os usuários de serviços públicos.
ABRIG: Considerando o cenário internacional e os países desenvolvidos, qual a importância da ascensão do Brasil à OCDE e como a regulamentação da atividade de RIG no Brasil impacta nesta pretensão?
ANTÔNIO QUEIROZ: A tão esperada entrada do Brasil na OCDE, combinada com a regulamentação da atividade de RIG, será um passo na valorização de boas práticas das organizações estatais com vistas à construção de uma sociedade civil ativa e diversa, um mercado economicamente competitivo e produtivo e um governo eficaz, responsável, acessível e transparente.
ABRIG: Como que a atividade de RIG poderá apoiar na recuperação e desenvolvimento do Brasil no pós-pandemia?
ANTÔNIO QUEIROZ: Os profissionais de RIG, com sua experiência e formação polivalente, podem contribuir enormemente com sugestões de políticas públicas para a recuperação do País no pós-pandemia. Além da proximidade do centro decisor, podem promover eventos para debater as alternativas e propor aos poderes soluções que ajudem o País a recuperar a economia e a reduzir a miséria e a desigualdade, que a pandemia aprofundou em nosso País. A ABRIG pode, por exemplo, liderar um grande evento para debater os problemas nacionais e propor diretrizes com soluções para uma rápida e segura saída da crise.