As oportunidades e os desafios da mobilidade brasileira

O gerente de relações governamentais da BMW, Saulo Marquezini, declarou em entrevista à Abrig, que não está claro qual a política brasileira para o futuro do setor automotivo e, por isso, a tarefa do profissional de RIG para projetos de eletrificação e sustentabilidade é desafiadora.

ABRIG: Qual o diferencial do recente projeto em relação às soluções atualmente disponíveis no mercado?


SAULO MARQUEZINE: Existem, no Brasil e no mundo, várias áreas inóspitas e desafiadoras para o longo deslocamento com veículos elétricos. Existem estradas que não contam com rede elétrica. Pensando nisso, criamos uma estação de abastecimento com energia solar e armazenamento em baterias reutilizadas. O projeto está sendo desenvolvido pela BMW, em parceria com o Centro de Pesquisa Estratégica em Energia Solar da UFSC, o Grupo Solvi e a Energy Source. Dessa forma, fomos selecionados entre os cinco melhores projetos em um programa mundial de Inovação, promovido pela matriz da BMW, em Munique.


ABRIG: Considerando as atuais evoluções no âmbito da mobilidade, como a BMW contribui para a sustentabilidade e quais os benefícios que o novo projeto trará aos clientes e sociedade?


SAULO MARQUEZINE:  A sustentabilidade é um dos focos deste projeto, pois utiliza energia solar e reaproveitamento de baterias. Além disso, o projeto foca na mobilidade ao possibilitar o uso de qualquer veículo eletrificado, em longas distâncias e em regiões desatendidas e, por fim, tem como objetivo a inovação, com a criação de soluções que aumentam a parceria entre empresas, fornecedores e universidades.


ABRIG: Como a empresa vê as oportunidades de ampliação da mobilidade sustentável no Brasil, em especial a necessidade de melhoria em legislações/regulações para promover projetos sustentáveis como estes que a BMW fez?


SAULO MARQUEZINE: O maior desafio de toda a indústria automotiva mundial é chegar em alternativas de mobilidade mais limpas. Nós, da BMW, traduzimos esse conceito em quatro pilares: REPENSE, REDUZA, REUSE e RECICLE. Precisamos de tecnologias limpas e economicamente viáveis, para quem produz e utiliza. Esse é um debate prioritário e não queremos que o Brasil fique para trás na corrida. Projetos para eletromobilidade, como o nosso, são importantes para a BMW e para o Brasil.


ABRIG: Quais os maiores desafios enfrentados nas relações governamentais e institucionais para a implementação de projetos relacionados a eletrificação e sustentabilidade?


SAULO MARQUEZINE: Gosto de comparar o profissional de RIG com diplomatas, que têm a missão de defender os interesses da empresa externamente e traduzir as informações para o negócio da empresa. Esse trabalho não é fácil! Primeiramente, não está claro qual a política brasileira para o futuro do setor automotivo. Hoje, temos o Rota 2030 que encerrará em 2023, mas possui renovação prevista por mais 2 ciclos de 5 anos cada. As discussões para esse novo ciclo já deveriam estar avançadas. Enquanto isso, o mundo discute eletrificação e, no Brasil, o foco ainda são os biocombustíveis. Assim, não se sabe em que investir e se vamos conseguir continuar exportando.


Saulo Marquezine é formado em Administração de Empresas e Relações Internacionais.Tem experiência em relações governamentais e acordos internacionais na Toyota e na BMW do Brasil. É gerente de relações governamentais da BMW.


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  


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