ABRIG: Qual o papel dos municípios na restruturação pós-pandemia?
GLADEMIR AROLDI: Entendo que não há caminho de desenvolvimento sem o fortalecimento do Ente local. É nos Municípios que a vida acontece. O gestor local é aquele que está na ponta e conhece a fundo as necessidades da população. É, também, aquele que busca incessantemente implementar políticas públicas de qualidade. A CNM segue junto e confiante nessa força para promover uma gestão responsável e bem-sucedida em cada Município, buscando, desta forma, a retomada do crescimento do Brasil.
ABRIG: Quais as principais ações que os municípios podem tomar para ajudar a recuperar a economia local?
GLADEMIR AROLDI: É essencial implementarmos medidas que possibilitem a retomada do crescimento de nosso país, atraindo investidores internacionais e financiamento privado, permitindo a geração de emprego e renda ao cidadão brasileiro. O empreendedorismo local converge neste caminho, pois os pequenos negócios representam a força da economia do Brasil. Para a Confederação Nacional de Municípios, toda ação que valorize os pequenos negócios é extremamente positiva. Os Municípios brasileiros, em especial os de pequeno porte, apresentam grande potencial de contribuição ao desenvolvimento econômico e social do País, com a promoção dos empreendedores locais para possibilitar dignidade e uma melhor qualidade de vida aos munícipes.
ABRIG: A Educação é, com certeza, uma das áreas que sofreram bastante com as restrições causadas pela pandemia. Que medidas podem ser tomadas a fim de recuperar o tempo perdido ou apaziguar essa perda?
GLADEMIR AROLDI: Pesquisas realizadas pela CNM mostram que, em decorrência da pandemia, a maioria dos Municípios segue com aulas presenciais suspensas. Os dados também mostram um grande esforço por parte dos gestores em dar continuidade ao ensino. A distribuição de materiais impressos, por exemplo, foi uma alternativa adotada por 98,2% dos Municípios. Além disso, buscou-se oferecer aulas por meios digitais, TV, rádio local, dentre outros. Sabemos, no entanto, que nada substitui o contato direto do docente com os alunos. A temática envolve aspectos relativos a diversas áreas do Município, como Educação, Saúde e Assistência Social, demandando diagnóstico acerca da realidade local e planejamento por parte da administração local e de outros setores da sociedade.
ABRIG: Pensando em futuro: Quais as perspectivas para os próximos dois anos?
GLADEMIR AROLDI: Os desafios para os próximos dois anos serão grandes. Temos demandas reprimidas em diversas áreas, quedas nas arrecadações, encolhimento da renda da população, por conta da pandemia, e outras dificuldades que vão exigir muita cautela por parte da administração pública federal, estadual e municipal.
ABRIG: Como governo e municípios poderiam trabalhar juntos para a retomada?
GLADEMIR AROLDI - O trabalho em conjunto dos Entes federativos é a única saída para que o Brasil volte a seGLADEMIR AROLDI - O trabalho em conjunto dos Entes federativos é a única saída para que o Brasil volte a se desenvolver. O foco, neste momento, é vencer a pandemia, que tem impactos ainda incalculáveis para o país e isso só irá ocorrer com a vacinação em massa de nossa população. Além disso, precisamos aprovar medidas importantes no Congresso Nacional, a começar por uma reforma tributária que seja ampla e não fatiada.
ABRIG: Quais as três principais mudanças que precisam ocorrer no País e por quê?
GLADEMIR AROLDI: Precisamos enfrentar, urgentemente, as desigualdades sociais e econômicas, reformar o sistema tributário para simplificar, atrair investimentos e regulamentar o pacto federativo brasileiro, aumentando a participação dos Municípios no bolo tributário, na medida em que são os Entes locais os responsáveis pelas políticas públicas que trazem impacto aos cidadãos.
Glademir Aroldi é presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM). Possui graduação em Gestão Pública e ampla experiência no movimento municipalista. Foi vereador em seu Município de origem, Saldanha Marinho, entre 1989 e 1992, sendo eleito prefeito durante três mandatos. Também esteve no comando da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande Grande do Sul (Famurs) entre 2006 e 2007.