Associações setoriais: as vantagens e as oportunidades para o profissional de RIG

Para qualquer profissional, especialmente em começo de carreira, o perfil do local de trabalho em que se encontra é determinante para o caminho que vai trilhar. Com isso em mente, busco neste artigo pincelar, a partir da minha própria experiência, algumas das principais vantagens e oportunidades ao profissional de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) com interesse em atuar nas associações setoriais, seja diretamente ou por meio das empresas associadas.

As associações setoriais são entidades sem fins lucrativos que representam um determinado setor da economia com alcance nacional, como calçados, químicos, brinquedos, aço, alimentos, fertilizantes, entre outros exemplos. Para isso, as empresas e organizações daquele setor se fazem representar no corpo da entidade para discutir a defesa dos interesses em comum entre elas dentro das normas de ética e compliance. Do ponto de vista de RIG, a legitimidade conferida à associação enquanto representante de todo um setor a capacita a ser porta-voz dos interesses desse segmento perante a sociedade e, em particular, junto ao poder público. Não surpreende dizer, portanto, que as autoridades compreendem a importância que as associações setoriais têm na representação desses setores e atribuem um peso diferenciado ao canal de diálogo com essas entidades.


Nesse aspecto, reside a primeira vantagem ao profissional de RIG em atuar nas associações setoriais. Os trabalhos e as ações discutidos nesse âmbito, quanto maior e mais representativa a associação, não se restringem aos interesses de uma ou outra empresa; em vez disso, abarcam a visão, como um todo, de determinado setor da economia. Não é exagero dizer que a experiência de atuar com uma visão de setor ou de país se prova valiosa para o aprendizado profissional.


Ao mesmo tempo, a carreira numa associação setorial – ou participação via empresas associadas – não está isenta de desafios. Para definir os interesses que defenderão e as ações que colocarão em prática, essas entidades funcionam por meio de comissões, grupos de trabalho, conselhos e demais fóruns que reúnem profissionais das empresas associadas na busca de consensos. Como se pode imaginar, não é simples obter consensos a partir de interesses por vezes conflitantes entre diferentes empresas, com frequência concorrentes entre si. Por sua vez, essa dificuldade cresce conforme aumenta a complexidade e a diversidade de empresas dentro do setor representado, o que tende a engessar a atuação das entidades setoriais. Não obstante, aí também se encontra uma oportunidade para o profissional de RIG: a experiência na gestão de conflitos e a capacidade de construir consensos.


Ainda, a multiplicidade de empresas e de atores que circulam nas associações proporciona aquela que talvez seja a principal vantagem para o profissional que atua nessas entidades: o networking. Para as empresas, a participação nas comissões e nos grupos internos da associação oferece um canal para trocar contatos e desenvolver projetos com as demais empresas do setor. Ao mesmo tempo, ser designado para posições de liderança dentro das comissões de uma associação é uma forma de ganhar prestígio, respeitabilidade e visibilidade diante dos pares. A associação também é ambiente propício a receber stakeholders importantes ao setor, seja representantes do governo, parlamentares, agências reguladoras, especialistas da academia, entre outros.


De certo modo relacionado ao tópico do networking, as entidades setoriais frequentemente têm participação ativa nas federações, confederações, associações de alcance internacional, coalizões, pactos, grupos de trabalho, demais associações (a exemplo da própria Abrig) e outros fóruns externos que agregam importantes stakeholders de diversos setores. Esse aspecto traz ao profissional de RIG mais uma vantagem: a oportunidade de se engajar em discussões abrangentes com a participação de múltiplos setores. Esse aprendizado é inestimável para a carreira em RIG pela multidisciplinaridade que lhe é característica, além de, é claro, ampliar as oportunidades de conexões profissionais.


A despeito dos desafios (ou, em parte, graças a eles), logo se nota a abrangência de oportunidades oferecidas pelas associações setoriais. Seja pela realização profissional, pelo peso e prestígio na interlocução com o poder público, pela experiência na construção de acordos, pelo networking ou pelo acesso a fóruns multisetoriais e universo ampliado de stakeholders. Por todas essas razões, elas se configuram uma excelente opção para abrir portas na carreira do bem-aventurado profissional.


Por: Pável Rêgo, gerente de Relações Institucionais na Perspectivas, membro do Comitê Jovem RIG e da Diretoria SP da Abrig.


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  

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