Apesar da crise provocada pela pandemia da COVID-19, o Nordeste tem sido o destino de grandes investimentos em setores promissores da economia nacional. Os estados têm se destacado na atração de projetos de energias renováveis e no aprimoramento de hubs logísticos que facilitam o trânsito de mercadorias e pessoas. Um exemplo que demonstra o potencial regional é o Complexo do Pecém, instituição que viabiliza a operação de atividades portuárias e industriais integradas.
A gestão das relações com stakeholders em uma organização como esta não é tarefa fácil e conta com o apoio de uma profissional de RIG. Para esta edição, a Revista Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais da Abrig entrevista a Diretora de Relações Institucionais do Complexo do Pecém, Rebeca Oliveira, para contar um pouco da atuação à frente da defesa de interesses do Complexo junto a entidades públicas, parceiros, e entidades da sociedade civil.
ABRIG: Qual o papel da área de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) no apoio às atividades da organização?
REBECA OLIVEIRA: O Pecém cresceu exponencialmente nos últimos anos e fez com que o nosso porto se transformasse em um complexo industrial e portuário, o Complexo do Pecém. Hoje, além do terminal portuário, somos responsáveis por gerir e desenvolver uma área industrial e uma zona de processamento de exportação, a ZPE Ceará. Daí a importância de termos um time focado em relações institucionais e governamentais, com presença permanente junto a todos os nossos stakeholders. Sempre que é oportuno prestamos apoio as empresas instaladas e aos órgãos intervenientes, inclusive mediando relacionamentos com o Governo Federal, Governo do Estado, prefeituras e órgãos ambientais ao longo dos mais variados tipos de processos. E, ressalto, ainda, o importante acompanhamento que fazemos as comunidades do entorno do Complexo do Pecém, onde estão principalmente marisqueiras e pescadores. Trabalhamos com afinco nossa responsabilidade social corporativa pensando sempre no desenvolvimento sustentável.
ABRIG: Qual o maior desafio como profissional de RIG na atuação de uma operação como o Complexo do Pecém?
REBECA OLIVEIRA: O Complexo do Pecém é extremamente dinâmico, não temos uma rotina tradicional. A economia do Estado do Ceará, do Brasil passa diretamente por aqui. Toda semana são novas operações, novos processos sendo implantados. É um ritmo apaixonante. Mas, é verdade também que, desde março do ano passado, há mais de um ano, temos experimentado um novo modo de executar nossas atividades. A pandemia também nos afetou diretamente. Impactou a movimentação de cargas e fez com que redobrássemos nossos cuidados com a nossa área operacional, principalmente no Porto do Pecém. Passamos a focar nossas medidas de prevenção à Covid-19, especialmente nos trabalhadores portuários com o apoio essencial do sindicato da categoria. Assim, nos readequamos e não suspendemos nossas atividades em nenhum momento durante essa pandemia. Enquanto profissionais de RIG, permanecemos vigilantes a tudo que acontece, em respeito a todos os nossos públicos.
ABRIG: Com quais públicos a equipe de RIG tem mais interação? Governo, Associações ou Comunidade?
REBECA OLIVEIRA: Nosso time de relações institucionais e governamentais transita por todas as esferas, sejam elas públicas ou privadas. É nosso trabalho aproximar, conectar. Temos uma expressiva diversidade de empresas instaladas na nossa área industrial, no porto e na ZPE Ceará. Quando necessário, auxiliamos todas elas, sem exceção. Mas, hoje, nossa interação acontece, principalmente, com órgãos e entidades dos governos federal e estadual, bem como com as associações de moradores presentes na comunidade do entorno do Complexo do Pecém.
ABRIG: As empresas que integram o Complexo do Pecém têm empreendido esforços para integrar práticas de governança e responsabilidade social nas suas operações?
REBECA OLIVEIRA: O time de RIG do Complexo do Pecém tem se empenhado em partilhar com todas as nossas empresas instaladas as mais modernas práticas corporativas, o que inclui governança e responsabilidade social. Concentramos médias e grandes indústrias e é importante que haja esse alinhamento, mesmo com culturas organizacionais distintas entre uma empresa e outra. Preciso ressaltar ainda as ações que vêm sendo realizadas pela Associação das Empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, que regularmente promove fóruns com essas temáticas para seus associados.
ABRIG: Como você vê o desenvolvimento e a profissionalização da atividade de RIG na região Nordeste?
REBECA OLIVEIRA: O Nordeste é hoje uma das regiões que mais crescem economicamente no Brasil. O parque industrial brasileiro, que por décadas ficou concentrado no sudeste do país, tem hoje uma maior capilaridade, inclusive no Nordeste. Mais e mais indústrias tem optado por nossa região para desenvolver seus respectivos negócios, em especial, nos polos do Pecém (CE), Suape (PE) e Camaçari (BA). E essa é também uma oportunidade para o fortalecimento dos profissionais de relações institucionais e governamentais na região. Nesse aspecto me refiro, inclusive, a formação acadêmica, superior. Hoje, muitos chegam a RIG vindo de outras áreas de atuação, mas o aperfeiçoamento é indispensável para que esses profissionais possam atender as expectativas da alta gestão das suas empresas.
Rebeca Oliveira é diretora de Relações Institucionais do complexo do Pecém.