Com 41 anos dedicados à atuação em instituições financeiras e dois anos como executivo do segmento de incorporação imobiliária, Cícero Araújo já desempenhava atividades de Relações Institucionais e Governamentais muito antes de oficialmente assumir uma posição de RIG. Em 1999, quando se mudou de Minas Gerais para São Paulo, montou a estrutura do banco Itaú para atendimento do governo.
Em 2005, assumiu a diretoria de negócios com o poder público, sendo responsável pela atuação do Itaú em todo o Brasil. Mas foi em 2008 que começou a atuar oficialmente com RIG e, em 2012, assumiu a área de Relações Institucionais e Governamentais do Itaú. Nesta conversa com a Abrig, Cícero revela sua visão sobre a profissão e o que é essencial para conquistar destaque na profissão.
ABRIG: O que faz um profissional de Relações Institucionais e Governamentais?
CÍCERO ARAÚJO: Atua na defesa dos interesses de quem representa, junto aos poderes executivo e legislativo, para construção de políticas públicas e marcos regulatórios, com utilização de argumentos técnicos, legais, respeitando a ética e o legítimo interesse da sociedade.
ABRIG: Por que a regulamentação da atividade de RIG é importante?
CÍCERO ARAÚJO: Porque ela estabelece os limites de atuação e garante a devida transparência e segurança nas relações, tanto para o profissional de RIG, como para o agente público.
ABRIG: No Brasil, a palavra lobby carrega um peso meio pejorativo. Por quê?
CÍCERO ARAÚJO: Porque ela está associada, pelo público em geral, a tráfico de influência e negociatas. A falta de regulamentação contribui para esta visão da sociedade.
ABRIG: Como se distingue o lobby do tráfico de influência?
CÍCERO ARAÚJO: A atuação de RIG se utiliza de argumentos técnicos e legais para influenciar o tomador de decisão, enquanto no tráfico de influência se utiliza de sua posição de poder e relações com autoridades para obter favores ou benefícios, normalmente com ofertas de vantagens indevidas.
ABRIG: Pode citar um exemplo em que o lobby teve fator decisivo em uma conquista social?
CÍCERO ARAÚJO: A Lei da Biossegurança foi, na minha opinião, um trabalho muito bem feito em todos os níveis (imprensa, judiciário, legislativo etc.), que permitiu o uso de embriões humanos em pesquisa com células-tronco embrionárias.
ABRIG: O que é preciso para atuar como um profissional de RIG?
CÍCERO ARAÚJO: Preparo técnico, estar amparado por informações corretas e legais e ter amplo relacionamento.
ABRIG: Na sua opinião, o que faz de alguém um bom lobista?
CÍCERO ARAÚJO: Prefiro dizer profissional RIG. Lutamos muito para o reconhecimento da profissão e é assim que ela deve ser vista. Na minha opinião, é capacidade de relacionamento, experiência na função e no negócio que representa e ter humildade para nunca deixar de aprender.