A COP 26 da década decisiva: sustentabilidade e resiliência urbana

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  penúltimo dia de COP 26, dia 11 de novembro de 2021, teve como principais temas de debates a construção de estratégias locais e as consequências das cidades às macrorregiões. Foram debatidas ações de avanço nos lugares em que vivemos, das cidades, regiões e comunidades.

A urgência dos debates e a dedicação de um dia inteiro de Conferência ao tema de edifícios e cidades está no fato de que as cidades são responsáveis ​​por quase três quartos das emissões da humanidade e estão na linha de frente dos riscos climáticos, ou seja, cerca de 40 por cento das emissões de gases de efeito estufa. Mesmo assim, o tema tem sido negligenciado no esforço para combater as mudanças climáticas.


De acordo com dados da ONU, o setor está entre os que mais tardam em aderir à iniciativa Race to Zero, que visa a eliminação das emissões líquidas de carbono da economia global até 2050. A campanha Race to Zero objetiva que 20 por cento das empresas em cada setor da economia se comprometam com o mesmo objetivo.


O dia foi organizado por uma junção de organizações internacionais que inclui o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável - WBSCD. Roland Hunziker, diretor de edifícios e cidades sustentáveis da WBSCD, descreveu as emissões advindas de edifícios e construções como "o gigante adormecido”, pois não é algo que as pessoas percebem tão facilmente.


Diante desse alarmante cenário, foi debatida, na COP 26, a importância de mais empresas implementarem os edifícios “net zero”, que são projetos de edifícios que não contribuem com nenhuma emissão de CO2 para atmosfera, nem na construção e nem no uso diário do edifício.


Roland Hunziker reafirmou seu ponto dizendo "Se queremos reduzir as emissões ao longo de todo o ciclo de vida dos edifícios, temos que envolver aqueles que desenvolvem os projetos. Portanto, temos que falar com os investidores, os desenvolvedores e os arquitetos que projetam esses edifícios”.


Para cumprir as metas de descarbonização e resiliência da próxima década, é necessário fazer mudanças rápidas na forma como vivemos, trabalhamos, nos movemos e nos divertimos nas cidades. Esta sessão abordou e discutiu como desbloquear uma ação rápida por meio de mudanças nas abordagens de financiamento, estruturas institucionais e mobilização da comunidade.


Durante os debates do dia, o Reino Unido anunciou que fará um programa de apoio a cidades de países em desenvolvimento, a “Ação Climática Urbana”, com o objetivo de zerar as emissões dessas cidades, que agora poderão crescer de maneira sustentável. O fundo conta com 27,5 milhões de libras destinadas às cidades como parte do compromisso de Financiamento Climático Internacional do Reino Unido.


Esse movimento de fomento à gestão de políticas públicas para fazer frente aos efeitos das mudanças climáticas em âmbito local já é alvo de diversos programas e iniciativas de redes de cidades por todo o mundo. Uma prova disso foi o posicionamento conjunto promovido pela rede mundial de cidades “Cidades e Governos Locais Unidos” (CGLU), ao buscar os diversos pontos de vistas pelo mundo e desenhar a Declaração de Durban - cujo objetivo é mostrar que as cidades também podem ser protagonistas nos processos de tomadas de decisão.


Além das questões supracitadas, duas importantes declarações marcaram o dia para nós, brasileiros:

  1. A criação de um grupo negociador sobre mudança do clima, integrado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai: Será a primeira vez na qual quatro integrantes do MERCOSUL unem esforços para buscar soluções para o problema da mudança do clima. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores - MRE, esse fato faz com que os países integrantes reafirmem o compromisso com a ação climática, reconhecimento da ciência e importância da agricultura para segurança alimentar global e o papel vital dos ecossistemas para o desenvolvimento sustentável.


  1. Apoio do Brasil na proposta sobre a regulamentação do mercado de carbono: O anúncio foi feito por Joaquim Leite, Ministro do Meio Ambiente do Brasil, que informou que o Brasil apoia a proposta para regulamentação do artigo 6º do Acordo de Paris, que tange os instrumentos para a criação de um mercado global de carbono.

Felizmente, foi possível perceber uma mudança de postura do Brasil nos últimos dias, bem como um esforço e receptividade às questões de combate ao desmatamento e redução do aquecimento global. Agora que estamos na reta final, há grandes expectativas para as negociações do último dia de COP 26.



Comitê de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Abrig. 

Gabriella Coletto Suriano, Analista de Projetos na New Investments.


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  


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