Nós mulheres, a ciência e o clima - COP26

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 terça-feira, 09 de novembro, foi o Dia da Mulher e da Ciência na COP 26. Nesse dia, num primeiro momento, foram evidenciados os efeitos desproporcionais das mudanças climáticas em meninas e mulheres, assim como a ainda existente falta de reconhecimento da contribuição feminina para o desenvolvimento sustentável e a resiliência planetária. Logo, foi apresentada uma atualização do Relatório de Lacunas de Emissões do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, como um lembrete das promessas realizadas em edições anteriores e dados que revelam o caminho percorrido para o cumprimento das mesmas.

Amal, Samoa Brianna Fruean, Nancy Pelosi, nossas avós, nossas mães, nós mesmas e tantas outras. Quando não nós mesmas, quantas mulheres conhecemos que se ocuparam, ou se ocupam, das atividades do cuidado, da preservação de costumes, da biodiversidade e da conexão com as comunidades locais? Ou, também, quantas de nós foram forçadas a se deslocarem de suas terras natais para encontrar melhores condições de sobrevivência? Ainda assim, a mulher tem ocupado lugar marginalizado nos espaços de tomada de decisão sobre o rumo do futuro do planeta.


Nessa terça-feira, a representação de uma jovem refugiada síria de 3,5 metros de altura, “Little Amal”, chegou à COP 26 para trazer a mensagem de esperança e altruísmo. Junto com a ativista climática de Samoa Brianna Fruean, relembraram a vulnerabilidade de meninas e mulheres e a importância das decisões tomadas durante as Conferências. Em meio a flores e sementes, foi feita uma metáfora para as decisões sobre o futuro do planeta - as quais, hoje plantadas, darão seus frutos e flores para as próximas gerações.


Da mesma forma, o presidente da COP 26, Alok Sharma e a presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, apontaram a vulnerabilidade de mulheres e meninas, principalmente ao fato de que cerca de 80% das pessoas deslocadas devido desastres e mudanças climáticas são mulheres e à urgente necessidade de inclusão de mulheres, povos indígenas e países menos desenvolvidos tanto na formação da agenda climática mundial, como no público-alvo das ações e decisões formuladas no evento.


Já para o Dia da Ciência, a atualização trazida pelo Pnuma alerta para uma “lacuna de liderança”, segundo a diretora executiva da agência, Inger Andersen - quem ressaltou que “não se está fazendo o suficiente, não se está onde precisa estar e é preciso dar um passo à frente com muito mais ação, urgência e muito mais ambição”. Além disso, indagou sobre a eficácia das promessas realizadas, já que embora tenham sido fruto de diálogos entre diversos países, podem ser “vagas, não transparentes”.


O Dia da Mulher e da Ciência na COP 26 foi marcado pela urgência de mudança, não só quanto aos resultados, mas nas tomadas de decisões e, principalmente, nos atores e agentes presentes no enfrentamento aos efeitos das mudanças climáticas.


Comitê de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Abrig. 

Ana Luisa Farias Barros Coêlho - Assessora especial no Escritório de Assuntos Internacionais do Governo do Distrito Federal. 


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  


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