Perspectivas para os investimentos em 2022 e 2023

ABRIG: Qual a importância do ESG para as diretrizes do BNDES?


BRUNO ARANHA: O BNDES sempre teve uma forte atuação na temática socioambiental e, mais recentemente, decidimos colocar o ESG como o pilar central de nossa estratégia.


Em 2021, 56% da carteira de crédito do BNDES se vinculam a projetos que apoiam a economia verde e o desenvolvimento social. Somos o agente financeiro do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e fomos o primeiro banco brasileiro a emitir títulos verdes no mercado internacional, com US$ 1 bilhão captados em 2017. Revisamos o framework de captações, com a primeira Letra Financeira Verde do Brasil em 2020, evitando 1,8 milhão de tonelada CO2. Estamos lançando novos produtos, como RenovaBio, Crédito ASG e Fundo Socioambiental, e buscando parcerias, como fizemos no Matchfundings Resgatando a História, com R$ 310 milhões para patrimônio histórico, e Floresta Viva, com até R$ 500 milhões para reflorestamento. No Banco de Serviços, avançamos na estruturação de concessão de florestas e parques.


Existem, ainda, muitas outras iniciativas. O BNDES é o Banco de Desenvolvimento Sustentável Brasileiro.


ABRIG:  O tema ganha cada vez mais relevância, sobretudo, por conta das questões ambientais. Mas, o “S” e o “G” são igualmente relevantes. Como o BNDES atua nessas duas frentes?


BRUNO ARANHA:: O “S” está no nome do BNDES desde 1982 e a missão de desenvolvimento econômico sempre se deu com foco social e na geração de empregos.


Para além do crédito tradicional, posso citar algumas iniciativas, como a atuação com microcrédito desde 1996, alcançando R$ 1 bilhão desembolsado, e estamos atuando também através de FIDCs, (Fundos de Investimentos de Direitos Creditórios), com mais de R$ 650 milhões para pequenos negócios. No Plano Safra 2021/2022, 25% dos recursos são para pequenos produtores, R$ 5,1 bilhões. Estamos fazendo com o FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola) um projeto de segurança alimentar e resiliência climática para atingir 250 mil famílias em comunidades rurais do Nordeste.


No “S”, um dos focos de atenção no momento é a educação. O BNDES tem atuação com projetos de capacitação profissional junto ao Senai e a implantação de tecnologias digitais por escolas públicas com o Educação Conectada, entre outros projetos. Mais recentemente, aprovamos um programa de cisternas para 2100 escolas públicas do Nordeste, beneficiando mais de 100 mil alunos, em parceria com a Fundação Banco do Brasil. Todavia, os desafios da educação brasileira exigem um engajamento maior. Esse é um tema importante no planejamento estratégico e vamos buscar novos produtos e parceiros para essa missão.


No “G”, internamente, estamos trabalhando na revisão dos nossos procedimentos e governança, com foco na agenda ESG. Essa transformação é um Projeto Corporativo do BNDES. Externamente, promovemos boas práticas nas companhias investidas e através de obrigações nos financiamentos ou estímulos, como ocorre no Crédito ASG.


ABRIG: Qual a perspectiva do Banco para os investimentos ESG em 2022 e 2023? Os programas e os recursos disponíveis, com taxas de juros cada vez menores, para quem cumpre as metas e compromissos de ESG devem crescer?


BRUNO ARANHA: Nossa previsão é desembolsar, nos próximos cinco anos, até R$ 120 bilhões para projetos que promovam o crescimento verde, sendo R$ 40 bilhões apenas para energia renovável. Nosso objetivo é que o BNDES seja visto como um canal mobilizador de recursos para investimentos climáticos no Brasil. Vamos priorizar o desenvolvimento de mecanismos que incentivem o bom comportamento socioambiental, em especial redução de emissões de GEE, e buscar cada vez mais parcerias com o setor público e privado para potencializar as ações. O BNDES é um hub para comunhão desses esforços.


Cabe destacar os recentes lançamentos do BNDES RenovaBio e Crédito ESG, que já funcionam como linked loans com redução de taxas para empresas mediante atingimento de metas ESG. Vamos ampliar a nossa atuação com esse tipo de produto e lançar outros para atender às necessidades de transição do Brasil para uma economia verde inclusiva.

Bruno Aranha é diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES.


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  


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