Redução de Carbono o desafio diante da sustentabilidade e regulação de atividades de transporte e mobilidade urbana

Jornalista e cicloativista afirma que para termos uma mobilidade sustentável é fundamental que haja uma política de acesso à cidade, sem segregação espacial em
função do carro. É preciso priorizar a mobilidade ativa e integrada ao transporte público.

ABRIG: Qual é o principal desafio para melhorar a mobilidade urbana, olhando a importância de se reduzir a emissão de carbono, para tornarmos o mundo mais sustentável no longo prazo?


RENATA FALZONI: A definição de mobilidade sustentável está atrelada a uma mobilidade baseada em energia e, agora, a definição também parte de que a mobilidade é o acesso à cidade. Você não pode criar espaços na cidade que não sejam acessíveis em função de um modal.


O principal problema é ter dirigentes, projetistas e gestores que acreditam que uma cidade, para ter mobilidade sustentável, tem que ser baseada em uma política de acesso, sem criar segregação espacial em função de um modal. Ao propor essa mobilidade, é preciso priorizar a mobilidade ativa e integrada com o transporte público. Isso faz com que o acesso ao transporte público seja totalmente isolado de um efeito colateral, que é intrínseco ao excesso do uso do carro.


O segundo grande desafio é tirar da cabeça dos gestores a ideia de que devemos combater o congestionamento. O congestionamento não tem absolutamente nada a ver com a solução. É possível resolver o congestionamento ao focar no isolamento da mobilidade ativa combinada com o transporte público, é aí que pode-se prover a energia totalmente limpa.


ABRIG: Desafio agora de curtíssimo prazo pensando em redução de emissão de carbono, cinco anos e dez anos. Lá no começo você falou que lógica não tem está centrada no carro, seja ele elétrico, enfim. Não é carro, é mobilidade ativa. Pensando nessas três fases de tempo, o que você acha que são os desafios para gente?


RENATA FALZONI: O desafio é que para resolver a questão da mobilidade das cidades e buscar a sustentabilidade, você deve isolar congestionamentos, transporte público e mobilidade ativa. É preciso mudar a matriz energética do transporte público, porque o Brasil produz um bom diesel para ser exportado e coloca para ser queimado nas cidades o pior diesel do planeta. Então, temos uma grande contribuição para os gases do efeito estufa, que vem do transporte público e que poderia virar energia elétrica ou outro tipo de matriz. Deve haver uma política pública voltada para mobilidade ativa, combinada ao transporte público e inserção de matriz energética de qualidade para esse transporte público.


É necessário restringir o uso do automóvel. Embora várias soluções possam acontecer como o pedágio urbano, devemos ter cuidado ao falar do pedágio, por conta do cidadão periférico. Mas, por exemplo, pessoas que utilizam o carro para pequenas distâncias devem pagar mais caro. De alguma maneira, devemos custear esse novo processo de mobilidade ativa para transporte público.



Renata Falzoni é formada em Arquitetura e Urbanismo e em Fotojornalismo. Foi uma das pioneiras na cobertura jornalística em bicicleta. Atualmente Renata dirige o Bike é Legal, um portal na internet focado na mobilidade sustentável e no ciclismo como transporte, esporte e lazer.


*Os conteúdos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Abrig.  


compartilhe

navegação de notícias

notícias recentes

Tags

melhores escolhas dos leitores

categorias

notícias mais populares

siga-nos