O jornalista Renato Santiago, cocriador e apresentador do podcast Stock Pickers, afirmou que a educação financeira é essencial para o brasileiro poder aplicar em ações de forma racional e ir além da comodidade da renda fixa.
Veja abaixo a entrevista exclusiva de Santiago à Revista da Abrig:
ABRIG: O mercado financeiro está cada vez mais atraindo brasileiros. Quais os pontos principais para a educação do brasileiro que quer entrar na bolsa?
RENATO SANTIAGO: Ao entrar na bolsa de ações, o brasileiro precisa entender que se trata de uma renda variável e de risco, pois está acostumado com renda fixa, que segue uma proporção de rentabilidade. Um título de renda fixa faz com que, por exemplo, mil reais hoje, aumente com o passar do tempo. As ações, por sua vez, mudam de valor muito rapidamente e, por isso, não existe um acúmulo de dinheiro e sim uma cotação. Por fim, conclui-se que, para permanecer na bolsa, é necessário que as pessoas invistam dinheiro que não será utilizado em curto prazo.
ABRIG: Quais os desafios para o brasileiro mergulhar ainda mais fundo no mercado financeiro?
RENATO SANTIAGO: A cultura do "eu tenho R$ 1.000,00 hoje e R$ 900,00 amanhã" não é fácil e, por isso, é necessário entender sobre a renda variável. Vivemos uns anos com taxa de juros muito baixas, com ativos de renda fixa pagando pouco, o que despertou a cultura de investir em ações. Mas, é importante que haja acesso à informação financeira de qualidade. Assim, o principal é: quando as pessoas comprarem investimentos, é necessário sempre considerar que os parâmetros não são intuitivos e nem conhecidos. Ter essa informação, ou seja, ser alfabetizado financeiramente, é o maior desafio.
ABRIG: Nas interações com ouvintes e com os entrevistados, vocês sentem que ainda há tabus que devem ser superados para quem quer entrar no mercado?
RENATO SANTIAGO: Existe muita desinformação sobre o assunto, como algumas ideias que existem no mercado e são falsas: a principal é que muitos acreditam que o universo das ações é enganação. Além disso, acredita-se que há veiculação de informações sobre alguma empresa ou setor, direcionadas por alguma corretora ou banco que quer ganhar dinheiro em cima. Essas informações são erradas, mas, infelizmente, temos que lidar com elas.