Para que um sistema seja democrático é necessário salutar o equilíbrio na esfera da representação de interesses. Criar condições objetivas, que garantam o diálogo com igualdade, possibilita a maior representatividade do todo e, por conseguinte, impacta de forma positiva as tomadas de decisão.
Uma vez que se entende esse processo de defesa de interesse como uma sistemática de pressão, para dar alcance e valorizar a pluralidade de ideias, se entende a importância do lobby para definição de políticas efetivas e abrangentes
Nos últimos anos, as discussões sobre a necessidade da regulamentação da atividade de RIG se popularizou, ganhou novos contornos e se apresentou como ferramenta fundamental para o avanço e a modernização da elaboração legislativa, tornando-a mais eficiente e abrangente.
Entretanto, apesar dos avanços nas discussões e do reconhecimento da atividade como ocupação em 2018 pelo Ministério do Trabalho, faltava uma sinalização e um comprometimento do poder público em relação à atividade.
Com o aquecimento no mercado de RIG nos últimos anos, a necessidade de se estabelecer contornos definitivos para nortear tanto os que atuam na área, quanto as autoridades, peças fundamentais dessa engrenagem, se fez imprescindível.
Quando trazemos luz para o assunto, desmistificando a atividade e apontando limites, a sociedade se envolve no processo e compreende que para a formulação de melhores políticas públicas é fundamental uma maior representatividade. Com isso, teremos um mecanismo funcionando com diálogo e transparência, para orientar as melhores práticas para cada segmento.
Uma vez que se entende esse processo de defesa de interesse como uma sistemática de pressão, para dar alcance e valorizar a pluralidade de ideias, se entende a importância do lobby para definição de políticas efetivas e abrangentes.
É fato que pautas monotemáticas povoaram o cenário nacional no último ano, devido à pandemia, o que atrasou certamente o avanço da regulamentação. Porém, sempre estivemos atentos às movimentações e participamos, como convidados, de diversas rodadas de conversas na CGU e no Executivo. Foi possível levar sugestões práticas, com base no dia a dia dos profissionais, bem como, apontar dispositivos, que foram espelhados nas legislações de outros países e que não funcionaram.
Trazer normas claras para a atividade de RIG é uma das recomendações da Organização para o Comércio e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A entrada do Brasil na OCDE é uma das principais metas do atual governo, e essa iniciativa pode ajudar a destravar o ingresso do país na entidade.
Urge apontar que a OCDE tem desenvolvido vasto estudo sobre o tema. A entidade afirma que o lobby não pode ser excluído das decisões emanadas pelos países, entretanto, a atividade realizada pelos lobistas deve ser praticada de forma ética e transparente.
O texto que regulamenta a atividade de RIG, apresentado pelo Executivo na data em que se comemorou o “dia internacional contra corrupção”, reposiciona a atividade. Entendemos que as propostas tanto do Executivo, quanto o PL 1202/2007 de autoria do Deputado Zarattini, deva receber ajustes durante sua tramitação, mas o panorama que se desenha aponta um cenário otimista, para aprovação da matéria no próximo ano.
Fabiany Moreira é Coordenadora do Comitê de Regulamentação.